Estava eu muito sossegada no meu castanheiro quando vi uns
homens aproximarem-se com uns cestos … para nos apanhar.
Era a hora de deixar os meus familiares, porque reconheci os
donos do castanheiro que me viu nasce. Despedi-me dos meus irmãos, com uma lágrima
no canto do olho, e fui colocada num cesto, separada de todos os que conhecia.
O cesto foi colocado num camião, junto de outros. Depois de
andarmos muito tempo, chegámos a um armazém de distribuição. Aí eu poderia ser
enviada para venda num hipermercado ou vendida para fazer compotas. Que triste
o meu fim! Acabaria triturada ou assada num forno!
Como tinha um calibre bastante bom, fui enviada para venda e
comprada por uma senhora com um ar contente. Chegada a casa estava prestes a
ser cortada e colocada num tabuleiro quando a menina me salvou dizendo que precisava
de uma castanha para decorar.
Fui coberta com um verniz incolor, desenharam-me dois olhos,
um nariz e uma boca e embrulharam-me em papel de seda.
No dia seguinte, entrei numa sala de aula pela primeira vez
e a professora elogiou muito a minha decoração.
Mantive-me sempre bela e ainda hoje mostra aos seus netos,
lembrando aquele trabalho dos seus tempos de aluna.
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